De Anitta a Beyoncé… 15 álbuns para entender 2022; ouça podcasts e veja reviews

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Ludmilla, The Weeknd, Harry Styles, Criolo, Gloria Groove e Florence and the Machine também estão na lista. Anitta virou estrela global; Beyoncé foi para a pista de dança; Avril Lavigne foi para o passado; Gloria Groove foi para o baile funk…
O ano de 2022 foi movimentado em várias direções. Ouvir seus principais lançamentos musicais ajuda a entender esses caminhos.
Na lista abaixo, o g1 relembra com podcasts e trechos de reviews quais foram 15 dos álbuns mais importantes do ano:
Beyoncé – Renaissance
Anitta – ‘Versions of me’
Harry Styles – ‘Harry’s House’
The Weeknd – ‘Dawn FM’
Gloria Groove – ‘Lady Leste’
Ludmilla – “Numanice #2”
Marília Mendonça – ‘Decretos reais’
Avril Lavigne – ‘Love Sux’
Jack White – ‘Fear of the Dawn’
Demi Lovato – ‘Holy Fvck’
Florence and the Machine – ‘Dance Fever’
Caetano Veloso – ‘Meu Coco’
Criolo – ‘Sobre viver’
Martinho da Vila – ‘Mistura homogênea’
Bala Desejo – ‘Sim sim sim’
Beyoncé – Renaissance
Beyoncé apresenta capa do álbum ‘Renaissance’
Reprodução/Instagram
“Renaissance”, sétimo disco da Beyoncé, foi de longe a melhor balada para se frequentar na música pop em 2022. Seis anos após “Lemonade”, a cantora lançou um disco festivo, que celebra a música negra dançante, do soul ao afrobeats.
Ela diz que fez as músicas “observando todo o isolamento e a injustiça do ano passado”. O álbum foi anunciado como parte de uma trilogia. Tudo indica que Beyoncé está no felizardo grupo de pessoas que não tiveram bloqueio criativo na pandemia.
O tom político aumentou nos últimos trabalhos, e até no primeiro single, “Break my soul”. A surpresa é que, no álbum, ela finca a base na pista de dança e assume o trabalho de comandar uma sequência poderosa de músicas sem respiro entre elas. Se há uma política é a da diversão como resistência.
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Anitta – ‘Versions of me’
Capa do álbum ‘Versions of me’, de Anitta
Divulgação
O quinto álbum de estúdio de Anitta, “Versions of me”, apresenta ao longo de 15 faixas várias versões já conhecidas da artista carioca, mas, por isso mesmo, deixa a cantora sem identidade bem delineada.
Trilíngue como o antecessor “Kisses” (2019), Versions of me encadeia músicas em inglês – pronunciado com perfeição pela girl from Rio, sem o sotaque que identifica estrangeiros nos Estados Unidos – e em espanhol, além de funk em português, “Que rabão”, aberto com a voz de Mr. Catra (1968 – 2018) e desenvolvido com o rap do norte-americano YG e o canto do MC fluminense Kevin O Chris.
Sob a batuta de Ryan Tedder, produtor executivo que orquestrou produção de excelente nível com o tal “padrão internacional”, Anitta apresenta disco fluente que, entre altos e baixos, peca de fato por flagrar a cantora indecisa entre dois mercados, tentando seduzir tanto o público de língua hispânica quanto o público norte-americano que fala inglês.
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Harry Styles – ‘Harry’s House’
Capa do álbum ‘Harry’s House’, de Harry Style’
Divulgação
Se existisse “prova do terceiro disco”, seria fácil afirmar: Harry Styles passou sem fazer muito esforço. O cantor inglês de 28 anos, ex-integrante do One Direction, mostra seu inegável carisma e canções com um ar retrô delicinha em “Harry’s House”.
Desde o primeiro classudo álbum, Harry já havia indicado que sabe o que quer. Ele quer brincar com clichês, grooves, baladas poderosas e sons dançantes que os pais dele ouviam no walkman.
No segundo álbum, “Fine Line” (2019), cantou uma espécie de rock clássico kids. Trouxe influências do rock dos anos 60 e 70 para um público que poderia pensar que rock clássico era Strokes ou Imagine Dragons. No máximo, Bon Jovi.
Nomes como Fleetwood Mac e David Bowie ainda seguem influenciando o cantor, mas ele expande ainda mais a playlist de sons na qual se inspira.
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The Weeknd – ‘Dawn FM’
The Weeknd lança ‘Dawn FM’, quinto álbum do cantor canadense
Divulgação
A imagem que The Weeknd criou para “Dawn FM” é de uma estação de rádio intercalada com narrações sinistras do compatriota canadense Jim Carrey. Mas seu pop cheio de angústia existencial (vide a capa com maquiagem de idoso) também lembra uma sessão de terapia dançante.
No quinto álbum, ele está mais seguro do que nunca como artista na linha de frente da música pop. É uma produção grandiosa e ousada, só de canções redondas. Quase tudo ali poderia ser single, mas entre os hits em potencial dá para destacar as baladas “Less than zero” e “Out of time”.
Ele não muda o rumo dos álbuns anteriores, mas aprofunda tanto seu universo lírico de sexo, drogas e talaricagem – embrulhado em um tom reflexivo, com a ajuda das ótimas narrações de Jim Carrey -, quanto o som baseado em r&b, pop eletrônico inglês dos anos 80 e Michael Jackson.
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Gloria Groove – ‘Lady Leste’
Capa do álbum ‘Lady Leste’, de Gloria Groove
Divulgação
A ideia da cantora para seu segundo álbum era unir a estética da “mandraka (estilo de funkeira) de escola pública” e a “roqueira de porta de shopping”. “Eu falei: ‘vou ser essa boneca Bratz roqueira-funkeira’”, explica.
O nome junta duas experiências: como “lady” e como cria da Zona Leste de São Paulo. Gloria conta como recuperou até o jeito de falar com sotaque paulistano da ZL – que tinha aprendido a “limpar” nos trabalhos que fez em dublagem de TV.
Ela explica todas as ecléticas parcerias do álbum: com os MCs Hariel e Tchelinho, o grupo de pagode Sorriso Maroto, a dupla de rappers Tasha e Tracie e as cantoras Marina Sena e Priscilla Alcântara.
Ouça a entrevista com Gloria Groove sobre ‘Lady Leste’:
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Ludmilla – “Numanice #2”
Capa do álbum ‘Numanice#2’, de Ludmilla
Divulgação
“Chega feito criança / Me leva na dança / Apaixonada não te nego / Me leva do céu ao inferno”, canta Ludmilla nas ágeis rimas do amor que conduzem “Fora de si”. Composição da própria Ludmilla, é uma das dez músicas autorais do segundo álbum de pagode gravado em estúdio por ela, “Numanice #2”.
Ao fazer DR na letra que inclui verso autorreferente (“Quem é você, irmão, que vem para me enlouquecer? / Sabe que a Lud é do mundo e ainda me quer só pra você”), Ludmilla manda recado e sintetiza o tom do disco que dá sequência ao projeto fonográfico de pagode da cantora e compositora projetada como voz do funk, mas desde 2020 também na roda do samba.
Ao longo das dez músicas, Ludmilla vai do céu ao inferno do amor na genérica batida de pagode que embasa o álbum. Com letra de maroto duplo sentido, “Maldivas” é música que exala felicidade de lua-de-mel e que, com outra produção musical, poderia até figurar na discografia pop funk de Ludmilla.
Leia mais sobre ‘Numanice #2’
Marília Mendonça – ‘Decretos reais’
Capa do EP ‘Decretos reais vol. 1’, de Marília Mendonça
Divulgação
O primeiro EP da série traz para a discografia oficial de Marília cinco músicas cantadas pela artista em 15 de maio de 2021 na live Serenata, feita com banda e já disponível na íntegra, na internet, mas até então em registros informais.
O primeiro recorte fonográfico da live Serenata é interessante porque perpetua Marília como intérprete de músicas popularizadas no universo sertanejo antes de a compositora renovar o gênero musical ao longo dos anos 2010 com letras escritas sob ótica explicitamente feminina então ausente nos cancioneiros autorais de antecessoras como Roberta Miranda e Paula Fernandes.
Em que pese essa diferenciada visão feminina, Marília Mendonça sempre deu a voz grave a um estilo de música bem tradicional. São canções sentimentais que atravessam décadas na memória popular, rotuladas como bregas ou cafonas pelas elites culturais. Pois é essa Marília assumida e orgulhosamente brega que é revivida ao longo das quatro faixas do EP “Decretos reais”.
Leia mais sobre o primeiro EP ‘Decretos reais’
Leia mais sobre o segundo EP ‘Decretos reais’
Avril Lavigne – ‘Love Sux’
Avril Lavigne volta com álbum ‘Love sux’
Divulgação
Se o sétimo álbum de Avril Lavigne fosse uma manobra de skate, seria um “kickflip”. É assim: o skatista dá um salto e continua seguindo na mesma direção enquanto fica suspenso no ar, esperando o skate dar uma volta completa e se encontrar com ele no chão de volta.
“Love sux” é um pulo desse jeito, que termina igual ao início. Avril viu a indústria musical girar 360º e voltar aos seus pés. Os novinhos que tinham deixado o rock para trás estão ouvindo emo e pop-punk de novo.
O álbum é uma volta às raízes da menina que descobriu Green Day, largou a escola, assinou um contrato com gravadora e estourou com “Complicated” e “Sk8er boI”.
Ouça a entrevista com Avril Lavigne sobre ‘Love sux’:
Leia mais sobre ‘Love sux’
Jack White – ‘Fear of the Dawn’
Capa de ‘Fear of the Dawn’, de Jack White
Divulgação
“Fear of the dawn” é a melhor oportunidade para fã de heavy metal curtir Jack White. O quarto e mais pesado álbum solo do ex-líder dos White Stripes é cheio de raiva e sentimentos intensos.
O guitarrista define o álbum como “punk metal”, “garage rock metal”, ou “heavy metal” mesmo. Ele cita Deep Purple e Black Sabbath como referências. O título é “Fear of the dawn” (medo do amanhecer).
“Fear of the dawn” não é só metal. Há os toques de sempre de blues e country, algo de psicodélico, rap, jazz, reggae…. O que amarra tudo isso são os efeitos, principalmente de guitarra, com edição eletrônica – uma novidade em seu universo analógico.
Ouça entrevista com Jack White sobre ‘Fear of the Dawn’:
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Demi Lovato
Capa do álbum ‘Holy Fvck’ de Demi Lovato
Divulgação
Nos últimos cinco anos, Demi Lovato cantou um reggaeton rebolante com Luis Fonsi (“Échame la Culpa”), aventurou-se pela música eletrônica colante com o DJ Marshmello (“OK Not to Be OK”) e mostrou seu lado R&B ao lado de Ariana Grande (“Met Him Last Night”). Em seu oitavo álbum, porém, Demetria só quer saber de rock.
Lançado nesta sexta-feira, “Holy Fvck” faz lembrar o bom pop rock Disney do começo carreira, ouvido no álbum de estreia “Don’t Forget”. Combina também com o retorno do pop punk, o emo que fez muito sucesso nos anos 2000 e mostra força nos últimos meses com canções de Olivia Rodrigo, Anitta e Miley Cyrus.
Quando perguntada qual a sua cantora favorita de todos os tempos, Demi costuma responder Hayley Williams, vocalista do Paramore. Essa paixão por um rock pesado, mas nem tanto, com refrão gritado e letras confessionais, é escancarada em “Holy Fvck”, o melhor e mais coeso álbum da carreira até agora.
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Florence and the Machine – ‘Dance Fever’
Dance Fever, de Florence and the Machine
DIvulgação
“Dance Fever” é uma mistura de trilha de filme de terror com o som de gente dançando até morrer. O álbum é soturno e empolgante ao mesmo tempo.
A artista que estourou há 13 anos e deu um toque místico à onda das cantoras inglesas de neosoul tinha lançado em 2018 um álbum mais “pé no chão”, “High as hope”.
No novo disco ela volta a evocar a Florence sobrenatural do início. Ela diz que é um “conto de fadas em 14 músicas”. Mas a cantora de 35 anos também joga com a própria imagem “mística”.
Ouça uma entrevista com Florence sobre ‘Dance fever’:
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Caetano Veloso – ‘Meu Coco’
Capa do álbum ‘Meu coco’, de Caetano Veloso
Fernando Young
Primeiro álbum de músicas inéditas de Caetano Veloso em nove anos, “Meu coco” apresenta safra autoral bem mais coesa do que a de “Abraçaço” (2012), o disco anterior do artista no gênero.
São 12 canções da lavra solitária do compositor, sendo oito inteiramente inéditas, duas já previamente lançadas em discos das cantoras Maria Bethânia e Céu (“Noite de cristal” e “Pardo”, respectivamente), uma apresentada pelo próprio Caetano em live feita em dezembro de 2020 (“Autoacalanto”) e outra (“Anjos tronchos”) já previamente divulgada em setembro como single do álbum.
Algumas dessas oito composições totalmente inéditas talvez perdessem parte do encanto se despidas do molde exuberante com que são expostas em “Meu coco”, disco gravado no primeiro semestre de 2021, no estúdio montado na casa do cantor na cidade do Rio, com produção musical orquestrada pelo próprio Caetano com Lucas Nunes, músico da banda carioca Dônica.
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Criolo – ‘Sobre viver’
Capa do álbum ‘Sobre viver’, de Criolo
Helder Fruteira
O quinto disco de estúdio do rapper paulistano de 46 anos marca a volta ao rap, após “Espiral de Ilusão”, disco dedicado ao samba de 2017.
A crítica social segue contundente e o luto após a morte da irmã aparece com destaque em faixas como “Pequenina”. O rapper perdeu a irmã Cleane Gomes para Covid-19 em junho do ano passado.
Ele canta sobre a irmã que morreu aos 39 anos no verso de “Pequenina”: “Cuidar da minha irmã agora é só em prece, ela não está mais aqui, é que esse mundo não te merece”.
Ouça a entrevista com Criolo sobre ‘Sobre viver’:
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Martinho da Vila – ‘Mistura homogênea’
Capa do álbum ‘Mistura homogênea’, de Martinho da Vila
Divulgação
Toda noite Martinho da Vila pega um livro de poesia, de conto ou de crônicas que tem na mesa de cabeceira e lê um pouco antes de dormir. Ele gosta das histórias curtas para não desviar muito o sono.
O contato tão próximo com a poesia é um dos pilares de “Mistura Homogênea”, álbum recém-lançado do sambista de 84 anos. Da leitura noturna, ele criou músicas a partir poemas do mineiro Geraldo Carneiro e do maranhense Salgado Maranhão. São elas: “Sim, Senhora” e “Canção de Ninar”.
Em “Dois Amores”, ele canta sobre como a paixão pela poesia se divide com a música em sua vida. A faixa com participação e poema inédito da escritora moçambicana Paulina Chiziane, autora de “Niketche: uma história de poligamia”, virou umas das preferidas do compositor.
Ouça entrevista com Martinho da Vila sobre ‘Mistura Homogênea’:
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Bala Desejo – ‘Sim sim sim’
Capa do ‘Lado B’, disco do grupo Bala Desejo
Divulgação
Um frescor que remete aos anos 70, um álbum orquestrado em tempos que refrões de 15 segundos resumem o sucesso de uma música, uma grande celebração de carnaval. Todas as definições soam como pouco para descrever o quarteto carioca Bala Desejo.
A banda formada por Dora Morelenbaum, Julia Mestre, Lucas Nunes e Zé Ibarra lançou o “lado b” do álbum estreia, “Sim Sim Sim” já com o destaque de grande acontecimento da música brasileira neste início de 2022.
Amigos desde os 11 anos e cantores com carreiras solo em andamento, eles se reuniram, de início, para fazer um show no Coala Festival em 2021.
Ouça a entrevista com o Bala Desejo sobre ‘Sim sim sim’:
Leia mais sobre ‘Sim sim sim’

Fonte: G1 Entretenimento