Mães que ficaram desempregadas na pandemia contam que deixam de comer para alimentar os filhos: ‘O importante é ele’

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Situação sanitária tem deixado muitas famílias em situação de insegurança alimentar. Só em Palmas foram 13 mil demissões entre janeiro e maio desse ano. Famílias que convivem com a pobreza e a fome sobrevivem apenas de doações
Lorena Lopes e Ludmila Daiane são duas mulheres que não se conhecem e moram em regiões diferentes de Palmas, mas compartilham uma dura realidade: estão desempregadas e vivendo por meio de doações. Essa situação da população mais vulnerável tem se agravado durante a pandemia e deixado muitas famílias em situação de insegurança alimentar.
A Ludmila Daiane Tavares tem 20 anos e é mãe de três filhos. Por causa da situação financeira os dois mais velhos estão vivendo com parentes e ela só está conseguindo ficar com a bebê de 8 meses.
Ela e o marido se mudaram de Porto Nacional para Palmas há três meses em busca de uma vida melhor. Ela diz que o marido está doente e estão vivendo de favor em dois cômodos no Aureny II. Na casa dela tem faltado quase tudo, até o que comer, e o maior desejo e voltar a trabalhar.
“Tem vez que a gente não tem nem arroz para comer, principalmente o leite para a neném. A primeira vez que a gente tá passando um momento assim tão apertado, a gente passava, mas não era tanto assim. Apertou mais com essa pandemia”, lamentou.
Do outro lado da cidade vive a Lorena Lopes, de 22 anos. Ela também está em situação difícil desde que o salão onde trabalhava fechou por causa da pandemia. Desempregada, ela é mãe solteira de um bebê de nove meses.
“Tem dia que aperta muito que eu deixo de comer para dar para ele. Vou indo a vida, o que é importante é ele. Qualquer serviço que aparecer hoje eu aceito porque não está nada fácil”, disse.
Os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, mostram que entre janeiro e maio deste ano foram gerados 13 mil postos de emprego em Palmas, enquanto 9,9 mil pessoas foram demitidas. O saldo é de 3,1 mil novas vagas, mas isso não foi suficiente para suprir a demanda, segundo os especialistas.
Ludmila Daiane está desempregada e vivendo de favor
Reprodução/TV Anhanguera
“Nós estamos em uma cidade que está em constante crescimento, é uma das capitais do país que mais cresce. No Tocantins nós temos 52,7% dos empregados há mais de cinco meses. Infelizmente, no que tange emprego e renda, a crise sanitária acaba atingindo ainda mais aqueles públicos que são mais vulneráveis”, disse a socióloga Juliana Abrão Castilho.
“A pandemia de coronavírus só aumentou muitos problemas que estamos passando no Brasil. Um desses problemas está relacionado com a pobreza e a insegurança alimentar”, disse o sociólogo Ygor Leite.
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Fonte: G1 Tocantins