Pedro Mariano faz pop genérico em álbum, ‘Novo capítulo’, valorizado pelos arranjos

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Cantor incursiona por samba e bolero em disco com orquestrações de Jerry Hey, Conrado Goys e Dudu Borges. Capa do álbum ‘Novo capítulo’, de Pedro Mariano
Divulgação
Resenha de álbum
Título: Novo capítulo
Artista: Pedro Mariano
Edição: DB Records
Cotação: * * 1/2
♪ Cantor que conseguiu atrair séquito fiel no alvorecer do século XXI, com a MPB pop de álbuns como Voz no ouvido (2000) e Intuição (2002), Pedro Mariano vem nos últimos anos lançando discos com regravações de sucessos alheios.
Foi o caso de A2 (2020), disco gravado com produção musical de Dudu Borges, com quem o artista paulistano de 47 anos reforça a conexão em Novo capítulo, álbum apresentado nesta sexta-feira, 20 de maio.
Borges é produtor associado primordialmente à formatação de discos do subgênero musical rotulado como sertanejo universitário, tendência do mercado fonográfico brasileiro nos anos 2000. Contudo, seria injusto e preconceituoso atribuir a Borges o tom genérico do pop cantado por Mariano em Novo capítulo.
Aliás, justiça seja feita, a produção musical e os arranjos de Borges sobressaem ao longo das 11 faixas desse primeiro disco de músicas inéditas do cantor desde 8 (2011), álbum lançado há 11 anos. A arregimentação do norte-americano Jerry Hey para orquestrar os metais de duas faixas, Era pra ser (Dudu Borges e Pedro Mariano) e Cais (Dudu Borges, Pedro Mariano, Bibi e Marcelo Mira), valoriza o disco sem de fato alterar o status de Novo capítulo.
Nome presente nas fichas técnicas de discos do grupo Earth, Wind & Fire e do cantor Michael Jackson (1958 – 2009), Jerry Hey põe o balanço da música black norte-americana no pop de Mariano. Ainda assim, a música em si resulta trivial, como já sinalizara o tom pop romântico de Bem perto (Dan Torres, Bibi e Pedro Mariano), faixa apresentada como primeiro single do álbum Novo capítulo na sexta-feira anterior, 13 de maio.
Dentro dessa linha, Mariano incursiona pelo samba na cadência de músicas como a funkeada Jaeh (Jair Rodrigues e Prateado) e Metade do infinito (Leo Minax) – faixa com metais (bem) arranjados por Conrado Goys – sem impressionar.
O repertório do disco resulta irregular e, curiosamente, Novo capítulo é o álbum em que Mariano – até então compositor bissexto – marca presença como autor das maioria das músicas, assinando com Dudu Borges temas como a composição-título Novo capítulo e 1 sol, dois mundos. Composição feita pela dupla com a adesão de Jair Oliveira, Pra começar é bolero inserido na atmosfera pop do álbum.
Quando dá voz a músicas de compositores como Fabio Cadore e Wilson Sideral, autores da fluente canção Da janela e da funkeada Antes que o mundo acabe (faixa de arquitetura mais eletrônica), respectivamente, Pedro Mariano reitera a correção que já seduziu um nicho de público em discos anteriores do artista.
Com cordas orquestradas por Conrado Goys, a regravação da balada Primeiro amor (Leo Minax e Vitor Ramil, 2009) fecha Novo capítulo com uma emoção real que parece inexistir nas faixas anteriores. Nem os melhores arranjadores suprem a falta de inspiração de intérpretes e de repertórios.

Fonte: G1 Entretenimento